domingo, 2 de maio de 2010

Em busca do protagonismo da mulher


Começou nosso Clã das 9 luas! Que lindo! Dez grávidas! E virão mais duas! E um dia serão muitas mais! Uma grande rede de mulheres. Uma grande rede de amor e respeito que se amplia... respeito por si mesmas, pelo ser que gestamos, pelo nosso corpo, pela experiência única de parir, pela humanidade. 
Cada vez mais estamos buscando a consciência do que é ser mãe, das nossas escolhas. É isso que essas mulheres estão querendo. E isso é extremamente importante, porque é dessa forma que crescemos: quando decidimos nos responsabilizar pelas nossas escolhas e assim buscar conhecer, entender as possibilidades que estão ao nosso alcance. Se queremos optar por uma cesárea, procuremos, então saber o que ela significa, os benefícios e seus riscos. Se vamos optar por parto vaginal, também. E assim por diante. Nos perguntando sobre o que valorizamos. Se valorizamos a experiência transformadora do parto, então, de que forma podemos estar conscientes e inteiras nesse processo?  Se queremos ouvir nosso corpo, de que forma eu posso fazer isso e como poderei ser ouvida? Há opção de se fazer cesárea nos hospitais, mas há opção de se fazer um parto de cócoras dentro do hospital?
Foi assim que as mulheres da Inglaterra, Holanda, França, Itália, etc, começaram e corajosamente exigiram que suas vozes, seus gritos e gemidos fossem ouvidos. E que seus partos fossem respeitados, e fizeram com que o poder público oferecesse outras opções além daquelas elencadas pela medicina do século XX. Faz tempo que essas mulheres tem a opção de fazer seus partos de cócoras com toda a segurança e tecnologia que um hospital oferece, faz tempo que as mulheres da França têm a opção de fazer seus partos na água. E nós brasileiras, que opção temos? E o que sabemos? Que conhecimentos temos sobre a fisiologia do parto, sobre nosso corpo, que medos e dúvidas temos? Por que silenciamos diante de outros saberes, quando sabemos por nós mesmas que não ficamos bem em determinada posição, que queremos um  parto vaginal,  embora nosso médico não queira falar sobre isso. 
Foi a partir da escuta sensível das necessidades dessas mulheres que se fizeram ouvir, que Michel Odent, Frédérick Leboyer, Ricardo Jones, e outros tantos médicos e médicas obstétras, mudaram suas ideias e começaram a enxergar o parto de outro modo, procurando aprender com elas sobre a fisiologia do parto e as necessidades de cada uma delas.  Foi assim que se criou casas de parto; que Michel Odent introduziu em um hospital estadual francês, o conceito de quartos de parto semelhantes aos de casa e piscinas de parto*.
E assim que teremos outras opções: na medida que ampliarmos nossa consciência, que assumirmos nossos medos e que deixarmos claro nossas dúvidas, que definitivamente questionarmos as práticas e rotinas hospitalares assim como questionamos a educação de nossos filhos com os professores e professoras, a comida que comemos, aquilo que nos oferecem e que consumimos. Quando perguntarmos a necessidade de uma episiotomia, as crenças de nossos médicos, estaremos conscientes daquilo que queremos e faremos escolhas que nos deixarão mais seguras e tranquilas na hora do parto. E assim, seremos protagonistas desse processo e tomaremos de novo nas mãos o parto, algo essencialmente feminino.

* Leia: "Água e sexualidade" e "A cesariana" de Michel Odent.

Nenhum comentário:

Postar um comentário